Para descrever uma banana começamos pela forma em arco, tem a cor amarela, o interior tem uma textura lisa, macia e mole, tem um sabor doce e cremoso e cheira a … banana!


Todos os sentidos têm o seu léxico próprio, havendo imensas palavras para descrever – descritores – cores, sons, sabores e texturas. Mas para descrever os odores não existem palavras próprias, usando-se adjectivo ou comparações com objetos ou outras sensações, então diz-se que cheira a amêndoa, é um aroma adstringente, uma fragrância verde, floral, etc.


Este facto pode dever-se a que o olfacto foi considerado um sentido menor ou secundário quando comparado com a visão e audição. Porém, há duas populações no Sudoeste da Ásia de caçadores recolectores Jahai e Maniq que utilizam o olfacto no seu dia-a-dia e que têm 12 a 15 palavras dedicadas especificamente a odores, que fazem parte do seu vocabulário básico. Estudar estas populações pode dar pistas sobre a evolução do nosso olfacto. Por exemplo apreciamos odores agradáveis porque a maioria provêm de plantas aromáticas com propriedades medicinais, curativas e desinfectantes. Constitui assim uma vantagem adaptativa e pode explicar o nosso fascínio por perfumes desde o início dos tempos.


Os enólogos e perfumistas procuraram criar uma linguagem comum para que consigam expressar-se e comunicar em termos de odores, mas não existe ainda uma linguagem olfativa universal. Assim continuamos a descrever os odores em comparação com outros sentidos e objectos.
A indústria das fragrâncias e aromas representam cerca de 25 mil milhões de euros nos dias de hoje, bem como o crescimento do marketing olfativo, pelo que considerar que o olfacto é irrelevante para as pessoas é uma perspectiva irrealista.

Fonte: Ed Yong, em The Atlantic  (adaptado)

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